Quem procura dicas do que ver e fazer em Berlim costuma receber um roteiro clássico: ir ao Portão de Brandemburgo, visitar o Memorial do Holocausto, passear pelo East Side Gallery e torcer o pescoço na Alexanderplatz para ver a Torre de Televisão. De fato, esse é um guia básico para quem visita a capital da Alemanha pela primeira vez.
Porém, aqui vamos mostrar a Berlim dos nativos. Para isso, reunimos dicas de locais que os próprios moradores frequentam: alguns já conhecidos, e outros que são verdadeiros tesouros escondidos dos berlinenses.
No mapa acima estão todas as nossas dicas nativas de Berlim. Além disso, vale a pena navegar pelo mapa, ver quais lugares te interessam e assim montar seu próprio roteiro turístico.
Agora, vamos ao que interessa: os 8 lugares na capital da Alemanha que você precisa ver – segundo os próprios nativos!
Holzmarkt25
Se fosse possível definir o Holzmarkt (literalmente “mercado de madeira”) em poucas palavras, diríamos que é uma vila criativa no meio da cidade. Mas, na verdade, é algo muito maior e fantástico.
O Holzmarkt25 é fruto dos esforços de mais de 20 negócios locais que se juntaram para trazer vida e inovação às margens do rio Spree. Em seus prédios lindamente grafitados estão, por exemplo, estúdios de música e fotografia, uma microcervejaria, coletivos e galerias de arte, um coworking, a boate Katerblau e até mesmo um jardim de infância.
O Holzmarkt foi planejado pela Genossenschaft für Urbane Kreativität (“Cooperativa pela Criatividade Urbana”, em tradução livre), ou GuK. Qualquer pessoa interessada (e com 25 mil euros disponíveis) pode investir no projeto e se tornar um colaborador, com direito a voto nas decisões administrativas.
Quem quiser dar apenas uma olhadinha em volta, trazer algo para comer e beber na área externa, ou curtir uma boa música, também é bem-vindo. O local é aberto ao público e tem vários eventos com DJs, feiras e workshops.
Tempelhofer Feld
É impossível ficar indiferente ao chegar no Tempelhofer Feld, o maior parque público de Berlim. Esse incrível espaço de lazer de mais de 350 hectares é um dos locais prediletos dos berlinenses. Aqui, eles se reúnem para andar de bicicleta, soltar pipa, fazer churrasco, entre outras atividades.
No Tempelhofer Feld ficava o antigo aeroporto de Tempelhof. Depois de desativado em 2008, ele teve sua área externa aberta ao público dois anos depois – uma vitória dos berlinenses, que não queriam que o local fosse entregue à iniciativa privada.
O parque possui um Biergarten (pub ao ar livre), banheiros públicos e jardins comunitários. Interessados por história ainda podem visitar o antigo terminal, que é considerado o maior monumento da Europa. Há vários tours pagos que mostram os seus mais de 300.000 m2.
Mais informações no site oficial (em inglês).
Klunkerkranich
Complicado de se pronunciar e também de se encontrar, o Klunkerkranich vale uma visita. Esse rooftop bar oferece uma vista fenomenal de Berlim, que vem acompanhada de boa música, gastronomia e uma decoração bastante original.
Para chegar ao local, saia na estação de metrô (U-Bahn) Neukölln-Rathaus e vá ao shopping Neukölln Arkaden. Então, entre no elevador próximo aos correios e suba até o 5º andar, onde fica o estacionamento. Por fim, ande um pouco para dentro do estacionamento e você logo encontrará a entrada do bar.
Dicas: o bar costuma ficar cheio em horários próximos ao pôr-do-sol, logo, vale a pena se programar para chegar mais cedo. Você pode se informar sobre os eventos locais no site oficial.
Entrada: geralmente entre € 3 e € 6, dependendo do evento.
Teufelsberg (“Montanha do Diabo”)
Ponto mais alto de Berlim, a “Montanha do Diabo” não é uma formação natural, mas composta de lixo e escombros da Segunda Guerra, debaixo dos quais uma escola técnica militar nazista foi soterrada. Depois da guerra, o Teufelsberg só voltou a ser ocupado em 1961, quando a Agência Nacional de Segurança dos EUA instalou uma base de espionagem no topo.
Após a queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria, os norte-americanos abandonaram a estrutura em 1991. Inicialmente, o Teufelsberg era um ponto turístico alternativo, principalmente entre aventureiros, grafiteiros e pixadores. Hoje, ele já é mais “mainstream” e explorado comercialmente por uma agência de turismo.
Com o transporte coletivo, a melhor forma de se chegar é saindo na estação de trem (S-Bahn) Berlin Grunewald e andar o resto do caminho (aprox. 34 minutos). Mas quem estiver de carro pode parar no estacionamento por € 5.
Entrada: de € 5 (sem guia) a € 15 (tour histórico).
Horários: de quarta a domingo, de 11 às 20h.
Dicas: aos sábados, domingos e feriados, os tours históricos em inglês são às 15h e não precisam de reserva. De preferência, vá com calçados próprios para caminhada.
Malzfabrik (“Fábrica de Malte”)
Não muito longe do Tempelhofer Feld está a Malzfabrik. Essa fábrica foi aberta em 1921 pela cervejaria Schultheiss e ficou intacta durante a Segunda Guerra, retomando suas atividades já em 1945. Porém, ela acabou fechando em 1996, e hoje é sede de negócios criativos voltados para artes, tecnologia, sustentabilidade e saúde.
Muitos eventos acontecem no Malzfabrik, como festivais de música e gastronomia, workshops, e exposições. Além disso, há um tour (apenas em alemão) para conhecer a história da fabricação de malte e também uma visita especial para fotógrafos (por € 50). Por € 3 também é possível nadar no pequeno lago local.
Kulturbrauerei (“Cervejaria Cultural”)
Assim como a Malzfabrik, a Kulturbrauerei pertencia à Schultheiss, até ser abandonada em 1967. Com 20 prédios datados do final do século XIX, a cervejaria foi tombada em 1974 e é um dos poucos patrimônios industriais bem preservados de Berlim.
Em 1991 foi fundada no local a atual Kulturbrauerei, um espaço cultural que, entre outros, possui boates, teatros, restaurantes e um museu. Nesse último, há uma exposição permanente, a “Alltag in der DDR” (“A vida cotidiana na Alemanha Oriental”), com entrada gratuita.
Do final de novembro até dezembro é possível ver um dos famosos Weihnachtsmärkte (mercados natalinos) dentro da Kulturbrauerei. Recomendamos experimentar o típico Glühwein (vinho quente).
Reichsbahnausbesserungswerk (“RAW”, para os íntimos)
O RAW era uma oficina da Reichsbahn, a empresa estatal de trens da Alemanha Oriental. Depois de abandonada em 1995, ela acabou dando espaço para diversos negócios, como a galeria de arte Urban Spree, que sempre tem exposições com entrada gratuita, as boates Cassiopeia, Suicide Circus e Weisser Hase, um ginásio de escalada (Der Kegel) e uma pista de skate (Skatehalle Berlin), além de vários bares e casas de show.
No verão, uma boa pedida é ver um filme ao ar livre ou fazer compras no mercado de pulgas. Por € 5 você pode, por exemplo, se refrescar no Haubentacher, um bar com piscina, duchas, comida e música.
Uma atração que passa quase despercebida é a Teledisko. Ela parece uma antiga cabine telefônica, mas, por dentro, é a “menor discoteca do mundo”, com luzes, fumaça e música. Para escolher uma canção e dançar em paz até que ela acabe, basta depositar € 2. Por € 4 a Teledisko tira fotos e faz um vídeo seu. A propósito, há também uma Teledisko no Holzmarkt25.
A forma mais fácil de se chegar ao RAW é saindo na estação Warschauer Strasse e virando à direita. Em seguida, ande um pouco e você verá uma escada à sua direita. Depois, basta descê-la e você já estará dentro do RAW.
Mauerpark
O Mauerpark (“Parque do Muro”) tem esse nome porque ficava entre o muro interno da Alemanha Oriental e o famoso Muro de Berlim, que dava para a Berlim Ocidental. Esse espaço, denominado “faixa da morte”, continha cercas de arame farpado, alarmes, e outros obstáculos, além de ser vigiado por guardas armados.
Hoje, ao invés de torres de vigilância e cercas, o Mauerpark tem uma quadra de basquete, playground, músicos de rua e uma grande área verde para recreação. Todavia, parte do muro interno ainda está de pé, grafitado por artistas locais.
Aos domingos, o parque recebe um dos maiores mercados de pulga da capital alemã, com produtos de artistas locais e antiguidades, especialmente do tempo da Alemanha Oriental. Também aos domingos (menos no inverno), à partir das 15h, acontece o famoso karaokê, onde os mais corajosos soltam a voz no anfiteatro, geralmente lotado.
Gostou das nossas dicas? Então aproveite para nos seguir no Facebook e no Instagram.
Mora na cidade e acha que faltou alguma dica? Deixe seu comentário ou escreva pra gente. Para nós, é sempre um prazer descobrir novos lugares.